Mais famoso do que o silicone, o cabelo escorrido é um must atualmente, responsável por lotar salões de segunda a segunda. E foi-se o tempo em que alisar o cabelo era um trabalho árduo. Com inúmeras opções de técnicas para se chegar lá, até aquela cabeleira revoltada, que você acreditava não ter solução, pode ser contida. As fórmulas não são mágicas, mas têm fãs ardorosas. Para quem cresceu passando o cabelo a ferro, com o pescoço torto na tábua de passar, as brigas com a escova acabaram. Mais do que uma questão estética, ter cabelos lisos é prático. Só quem perde horas pela manhã tentando domar as madeixas para chegar ao trabalho apresentável é que pode dizer o quanto é bom poder lavar, secar e pentear quando se bem entender. Quem experimentou jura fidelidade eterna ao alisamento.
Em meio a tantas técnicas, tem gente recorrendo a fórmulas caseiras para conseguir o visual escorrido sem gastar muito. Os desastres, porém, são muitos também. Wesley de Faria é um dos profissionais mais requisitados do renomado salão paulista C. Kamura. Wesley se intitula especialista em cabelos difíceis, e faz as cabeças - literalmente - das tops Raica, Ana Hickman e Giane Albertoni. O fera adverte: "Fazer alisamento por conta própria é loucura. Se a textura do cabelo mudou, é porque houve química, e com química não se brinca. Cabelo é igual a impressão digital: podem até ser parecidos, mas nenhum é igual ao outro. Portanto, é fundamental fazer testes antes de se optar por um ou outro procedimento. Se estou na dúvida, faço o teste. Pego duas mechas de cabelo em pontos diferentes da cabeça, e passo o produto. Lavo, seco e mando a cliente para casa. Depois de alguns dias, analiso o resultado. Há cabelos que demoram a reagir, e podem não se dar bem com uma determinada química", explica.
Wesley já viu muita mulher chegar chorando ao salão. “Depois que a besteira foi feita, tem que hidratar e esperar crescer com um terço na mão”, brinca. Como diz o ditado, cada cabeça, uma sentença. Deixe a avaliação nas mãos de um profissional. Só ele poderá indicar a melhor forma para se ter fios bonitos, saudáveis e escorridos. O terapeuta capilar Alex Sandro é responsável por avaliar os cabelos de clientes do salão Cristal Care, no Rio de Janeiro. O Cristal apenas alisa cabelos que tenham passado pelo crivo de Alex, que faz algumas restrições. “Grávidas e pessoas com cabelos muito enfraquecidos, nem pensar. Já quem tem cabelos tingidos precisa antes testar o produto. Alisamento sem teste é como transar sem camisinha”, compara Alex. Pode parecer exagero, mas o risco de se perder os cabelos pelo uso inadequado de um produto é enorme.
Nós esperamos que as leitoras não se utilizem desse guia para experimentos arriscados. A intenção é listar as opções disponíveis no mercado, mostrando o que é conversa fiada, o que funciona de verdade, e o que deve ser utilizado com cautela. Só com informação você poderá cobrar o resultado esperado do profissional - a única pessoa apta a aplicar produtos químicos nos seus cabelos.
Made in França, Alemanha ou Rio?
Dar a volta ao mundo nunca foi tão rápido. Criativos como só, os brasileiros trataram de batizar suas receitas pessoais de alisamento, e já não se sabe mais qual o efeito de cada produto. Independentemente do nome que tenham, uma coisa é certa: o princípio ativo contido no frasco. O princípio ativo é a substância que vai agir sobre os cabelos, sendo o responsável pelo efeito desejado. Dentre os produtos disponíveis no mercado, você irá encontrar variações de três principais substâncias: o tioglicolato de amônio, o hidróxido de sódio e o hidróxido de guanidina. A concentração dessas químicas varia consideravelmente de marca para marca, assim como as outras substâncias utilizadas para hidratar e amenizar o cheiro forte. Esqueça dos nomes das escovas e concentre-se no rótulo. Em alguns casos, o mesmo produto vem em mais de uma embalagem. "As pessoas fazem uma grande fantasia com os nomes, e esquecem de verificar o que importa: o conteúdo", diz Alex. Carlette Mellone, proprietária do salão carioca que leva seu nome, concorda: "Os produtos são todos similares, a única diferença fundamental é se ele é à base de tioglicolato ou guanidina. Tirando isso, é tudo a mesma coisa”. Coisas do mercado.
Outra escolha importante é o efeito que se deseja dar ao cabelo. O relaxamento tira o volume dos fios, enquanto que o alisamento deixa os cabelos chapados e retos. E é aí que entra a escolha pelos princípios ativos. Depois de optar por um procedimento, não se deve passar para outro, pois as substâncias químicas presentes podem ser incompatíveis, causando um choque químico. O resultado? Cabelos quebrados, em queda livre. O tioglicolato de amônio é a química mais utilizada nos alisamentos, pois muda a estrutura do cabelo.
E não são só os profissionais dos salões que fazem coro às advertências. Elisabete Pereira dos Santos, professora de tecnologia de cosméticos no curso de Farmácia da UFRJ, explica o que há por trás do visual esticado. “Todas essas químicas quebram o cabelo para reestruturar o fio, mas o tioglicolato é o mais suave. Não quer dizer que faça menos efeito. Mas, como age lentamente, é mais fácil de se controlar o tempo de ação nos cabelos. Tanto que também é utilizado para permanentes. Quem escolhe a forma é você. O fio apenas fica livre para ser moldado”, explica.
De qualquer maneira, todo cuidado é pouco, e o olho no relógio é fundamental. “Por possuírem pH alcalino, conseqüentemente alto, os hidróxidos de guanidina e de sódio são perigosos. O pH é quase tão alto quanto o dos cremes depiladores, o que faz com que o fio caia”, alerta Elisabete. Para evitar ver o mesmo acontecendo em sua cabeça, preste atenção tanto na concentração quanto no pH do produto. A química permanece por alguns meses nos fios, em alguns casos, só sai com o corte. Mais um motivo para não se realizar mais de um tipo de procedimento químico, seja tintura, permanente ou alisamento
Na boca do povo
Escova progressiva
Após ser perseguida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o santo continua o mesmo, mas o milagre é mais discreto. Sem o formol - a substância tóxica responsável pela proibição do produto - a progressiva trata os fios através da queratina. O efeito não é o mesmo, no entanto, evita as reações na pele, olhos, vias respiratórias e a destruição dos fios. Carlette Mellone chegou a realizar dezesseis escovas progressivas em apenas um dia. “É uma febre! Mas nem todo mundo pode fazer a progressiva, dependendo do estado do cabelo, os fios não agüentam a química. Além disso, a freqüência deve ser controlada, e o resultado vai depender das características naturais do cabelo. Os étnicos, por exemplo, não ficam lisos, apenas com cachos mais soltos. Não há milagre sem formol”, explica Carlette.
Cabelos Lisos
Quem é que não sonha com cabelos domados e no lugar como os das atrizes dos filmes e novelas? A realidade pode ser bem diferente da ficção e o comum é encontrar mulheres desesperadas e insatisfeitas com a rebeldia das melenas.
Claro que os ondulados são charmosos e, vira-e-mexe, escolhidos como tendência e ideal de beleza nas passarelas. Mas os lisos são realmente a preferência nacional tanto para homens como para mulheres.
O ritual para conseguir cabelos escorridos pode ser difícil e demorado para quem não tem técnica, por isso, acompanhe um passo-a-passo de como fazer uma escova perfeita e fique por dentro de todas as maneiras existentes - com ou sem química - de conseguir o tão desejado cabelo.
O cabeleireiro do badaladíssimo MG Hair Design, de São Paulo, Beto Silva, deu uma força e conta que a mulher deve ter cuidado ao utilizar processos químicos para alisamento sob pena de ressecar os fios. Confira as dicas fundamentais para um bom resultado.
Cremes e shampoos
A indústria de cremes e shampoos captou a necessidade das mulheres em facilitar o penteado liso e por isso lançou produtos que trazem no rótulo a indicação de deixarem os fios mais domados. Eles disciplinam o cabelo e alisam porque o deixam mais pesado e com menos volume.
“Os cabelos ficam só um pouco mais lisos e o volume diminui bastante. Ele facilita a escova e reduz o trabalho, mas não garante fios escorridos”, alerta Beto Silva.
Prancha alisadora
As pranchas vieram para facilitar, e muito, a vida das mulheres. Com elas, basta secar os fios depois do banho e separar o cabelo em mechas com três dedos de largura e um de espessura para depois deslizar a prancha.
O processo deve preservar os fios muito próximos ao couro cabeludo e deslizar pelos fios sem pausas para evitar que eles sejam queimados e fiquem ressecados e quebradiços.
“Para ficar perfeito, a mulher deve aplicar um spray de brilho no cabelo depois de usar a prancha”, aconselha o cabeleireiro Beto Silva.
Amaciamento
Apesar de utilizar produtos químicos, este processo pode ser feito em casa com muito cuidado para não danificar a estrutura dos fios. Ele diminui o volume sem alisar e resolve em 50% a rebeldia dos cabelos.
Antes de correr para a farmácia para escolher a marca do seu amaciador, faça uma análise* rigorosa da qualidade dos fios e proteja as partes danificadas (cabelos afetados pelo ressecamento, mechas muito claras e resíduos de outros alisantes).
“Dos processos para alisar os cabelos, este é o mais suave e pode ser feito até em cabelos com reflexo desde que haja uma avaliação rigorosa das condições dos fios”, garante Beto Silva.
* A análise do fio consiste em uma avaliação se há ou não química nos cabelos como as tinturas e permanentes. Depois é necessário testar a elasticidade dos fios. Se eles tiverem efeito elástico quando puxados, estão aptos ao processo. Se quebrarem, é melhor esperar algumas hidratações.
Alisamento japonês
Esta técnica de deixar os fios lisérrimos é definitiva (só sai quando os fios crescem) e utiliza produtos químicos fortes, por isso, jamais deve ser feita em casa. Os profissionais que a aplicam passam por estudos e testes e não vale arriscar a saúde e beleza da cabeleira.
O profissional que for aplicar a técnica faz antes de tudo uma avaliação rigorosa para saber se os cabelos comportam tanta química e só depois aplicam o produto e a prancha alisadora.
A evolução da técnica já permite que cabelos tingidos recebam os produtos químicos e fiquem com um resultado satisfatório.
Escova tradicional
Apesar de os salões de beleza estarem recheados de novidades de alisamento, a técnica mais usada continua sendo a escova redonda e seu velho companheiro secador.
Aparentemente desprovido de cuidados específicos, este processo é usado sem critérios como manter uma distância de mais ou menos três dedos dos cabelos e do secador e muitas vezes danifica os fios.
Para evitar tantos erros, estragos e perda de horas para fazê-la, Beto Silva e sua equipe fazem um passo-a-passo na estudante e modelo Juliana Amaral.
Dicas e truques essenciais
O expert Beto Silva dá dicas hiperpreciosas que facilitam a escova e reduzem o tempo de trabalho:
para facilitar a escova, seque os fios e use um defrisante – isso ajuda a reduzir em 50% o trabalho;
quando finalizar a escova aplique um óleo “lustrador” que tira os fios arrepiados sem lambuzar e dar um ar de sujo ao cabelo;
para fazer a escova durar, use spray quando terminar todos os processos;
teste a elasticidade dos fios esticando-os. Se o efeito for elástico, o cabelo está apto a usar os produtos. Se partir, deixe os alisamentos para depois de muitas hidratações.
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